sexta-feira, 5 de junho de 2009

O ideal da "unitas multiplex"


O pensamento transversal, artífice da visão complexa da realidade, nos aproxima do ideal da “unitas multiplex”* , pelo qual conseguimos perceber a diversidade e heterogeneidade das partes sob o ângulo do todo uno e homogêneo. A atitude mental de associar as idéias de unidade e multiplicidade, em lugar de opô-las, estimula nosso pensar e nos descortina um novo universo de compreensão da realidade.

A perspectiva da unitas multiplex torna plenamente inteligível a simultaneidade destas afirmações aparentemente contraditórias: “o todo é mais que as partes; as partes são mais que o todo”. O todo é mais que as partes pelo fato de que a inter-relação em que estas se encontram produz a emergência de algo novo no todo – “o mosaico é mais que um amontoado de pedrinhas”. As partes são mais que o todo porque este impõe restrições às singularidades daquelas, que passam, para se integrar ao todo, a recalcar virtualidades e valores – “a inteligência de uma comunidade é menor que a soma de todas as inteligências de seus membros”.

* A. Angyal, Foundations for a Science of Personality, Cambridge, Harvard University Press, 1941, apud E. Morin, O método. I. A Natureza da Natureza, p. 102

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