sexta-feira, 5 de junho de 2009

Assumir a incerteza


Devemos assumir a incerteza. Temos de aprender a pensar aceitando que vivemos num mundo onde predomina o incerto, o variável, o aleatório, o imprevisível e indeterminado. Os antigos buscavam certezas, verdades universais e eternas, e as recebiam e impunham por meio de dogmas e formulações metafísicas. Na modernidade, a ciência tomou-lhe o relevo à filosofia e à teologia na pretensão de estabelecer verdades definitivas e irrefutáveis. A expressão “é científico” chancelava seus postulados com a marca da certeza, negando a possibilidade de se lhes fazer qualquer objeção. Entretanto, surgiriam no campo mesmo da ciência teorias – como a do Caos, na física – que quebram as evidências das relações de causa e efeito: toda causa produz diversos e imprevisíveis efeitos; e, ao mesmo tempo, toda causa é co-causa – cada efeito é resultado de muitas e variáveis causas. Devemos saber pensar e agir aceitando que o mundo não é uma máquina previsível, dominável pela mente humana, mas um “cocktail de ordem e desordem [...] Num universo de ordem pura, não haveria inovação, criação, evolução [...] Do mesmo modo, nenhuma existência seria possível na desordem pura, porque não haveria nenhum elemento de estabilidade para aí basear uma organização”.*

* E. Morin, Introdução ao pensamento complexo, p. 129

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