sexta-feira, 5 de junho de 2009

Responsabilidade em relação aos outros


Responsabilidade em relação aos outros. Quando transmitimos informações, transformamos pessoas, para o bem ou para o mal. “Toda relação humana é pedagógica”. Não podemos desconhecer a repercussão nos outros de tudo aquilo que dizemos: o que outras pessoas passam a conhecer a partir de nós atinge sua singularidade, modifica seu sistema de valores e influencia seu agir. Somos, assim, responsáveis por todas as pessoas que entram em contato conosco, diretamente ou através de nossa produção intelectual – tanto se expressa em idéias como em objetos. Do ponto de vista da fé, somos autêntica mediação de graça e pecado para o outro. Nossa verdade interna nos revela nossa natureza social, que nos chama para a convivialidade. Podemos viver essa verdade – fazendo de nossos atos força criadora de comunidade e solidariedade, de bem, verdade e beleza – ou feri-la, instituindo os seus contrários.

É conhecida a crise pela qual passam muitos estudantes ao defrontar-se com professores que lhes destroem as seguranças religiosas, éticas e/ou psicológicas. Nem sempre o intelectual se coloca seriamente a questão do que escreve, leciona, fala, misturando hipóteses com certezas, opiniões frágeis com tradições de maior peso. Não é raro ouvir quem, com uma meia frase sepulta um gênio, como Santo Tomás, sob a campa de “superado”.

Quanto maior a audiência, quanto mais diversificados os espaço de influência, maior é a responsabilidade. Hoje, a globalização cultural e a tecnologia da comunicação dão um alcance mundial a visões e atos particulares, ampliando enormemente o peso da nossa responsabilidade.

Todos sabemos algo, logo todos somos, em algum momento, chamados a desdobrar nos outros seu potencial de crescimento, assumindo-nos como educadores. Deparamo-nos então com a necessidade de escolher um dentre duas atitudes alternativas. Ambas têm, digamos, a mesma legitimidade, por estarem ligadas à raiz etimológica do verbo “educar”, mas expressam posturas diante do educando totalmente diversas. Assim, podemos adotar a raiz “dux”, “chefe, aquele que dirige”, e nos colocar diante do outro como alguém que comanda, conduzindo-o, de forma impositiva e autoritária, em direção a um objetivo previamente selecionado por nós. Mas podemos também, diferentemente, acolher a interpretação etimológica de “educare, educere” que traduz o sentido de “tirar para fora”, “trazer à luz”, descobrindo, desvelando, revelando “as riquezas que o criador já escondeu no coração de todo ser humano” . Aquele é um modelo tradicional, vertical, baseado na submissão do outro. Este é o modelo horizontal, de respeito à singularidade de cada um; modelo socrático, da maiéutica – de quem se põe na posição de ajudar o outro a gerar as possibilidades que já traz dentro de si, gerando experiências vivas de aprendizagem. Através de ambas as posturas pode se assumir a responsabilidade pela formação do outro, mas só esta o acolhe em sua totalidade, dialogando corajosamente com seus modos peculiares de ser.

4 comentários:

  1. No cenário mundial contemporâneo observa-se o processar de inúmeras transformações de ordem econômica, política, social e cultural que, por sua vez, ambientam o aparecimento de novos modelos de relações entre instituições e mercados, organizações e sociedade. No âmbito das atuais tendências de relacionamento, verifica-se a aproximação dos interesses das organizações e os da sociedade resultando em esforços múltiplos para o atendimento de objetivos compartilhados. A responsabilidade começa antes da decisão ou da escolha de ser responsável, antes mesmo da interveniência da liberdade e da consciência a responsabilidade em relação ao outro. Habitualmente se é responsável por aquilo que pessoalmente se faz. “ama a teu próximo como a ti mesmo” (Levítico, 19.18). A dimensão da responsabilidade implica na noção de que toda ação afeta pessoas ou grupos sociais, ou seja, os públicos com os quais se relaciona. A relação de responsabilidade pelo outro deve servir de fundamento para relação entre o sujeito e toda a humanidade. O eu deve estar disponível para acolher, sem ditar leis, sem impor interesses ou vontades próprias. A participação de todos na realização do bem comum implica, como todo dever ético. É necessário que todos envolvam-se conforme o lugar que ocupa e papel que desempenha, na promoção do bem comum. Perceber a contribuição das relações na dinâmica da responsabilidade social de cada pessoa, é, antes de qualquer outro fator, relacionar ao processo a força da comunicação que move a opinião; força essa que emerge do direito social à informação e à participação dos indivíduos. Ou seja, o direito do outro é o reflexo do meu dever de respeitar a sua liberdade, sua singularidade. Porém, o outro ainda não-existente não tem a possibilidade existencial de provocar o meu dever e, portanto, não tem como atribuir a mim os direitos que a mim conferem. Nossa responsabilidade para com as gerações futuras não é tanto velar pelos seus direitos. Devemos criar condições para que o direito à felicidade e uma vida harmonicamente equilibrada aconteça. Nossa principal missão é criar condições para que as gerações futuras exerçam o seu dever. Dever de gestar uma autêntica humanidade. Estes deveres poderiam acontecer sob a ética da solidariedade, da simpatia, da equidade, da compaixão inclusive. Estes mesmos valores éticos devemos nós respeitar hoje. Essa é a nossa responsabilidade. Pe. Jocélio Alves da Silva

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  2. Nos deparamos nos tempos hodiernos com desafios que homens e mulheres na era contemporânea enfrentam diante a ciência e a fé, diante inversões de valores que fazem prevalecer o conhecimento que cada um aceita como verdadeiro sem experimentar mais as trocas de experiências, o diálogo olho no olho ou mesmo a carência do conhecimento enquanto algo que contribui para a evolução, crescimento intelectual de si mesmo e dos outros. Quando temos a consciência de que temos algo a contribuir com o outro é porque temos responsabilidade diante suas necessidades mas, também ter a humildade de aceitar a contribuição que possa vir de fora para nos ajudar. Para que eu possa fazer esse discernimento torna-se necessário perguntar: Como é a sociedade hoje? O homem é o centro de todas as coisas porém, de uma forma egocêntríca se torna padrão e medida de todos . Só aceitando conhecimento que "eu mesmo posso gerar" a partir de mim mesmo. Por isso no contexto pedagógico compreendo que buscar entender o contexto social o qual estou inserida, agir na contra mão da sociedade em relação à inversão de valores que se tornam antiéticos, dando testemunho dos valores cristãos a exemplo de Jesus, são métodos que podemos aplicar na responsabilidade com a outra pessoa sempre visando valores fraternos. Maria Auxiliadora S. Beserra.

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  3. A responsabilidade não tem o sentido jurídico de “responder por” ao ser chamado a explicar-se. Não se trata também de responsabilidade aos olhos dos outros, mas por algo praticado. Nós seres humanos somos responsáveis por nós mesmos e também pelo outro, devemos falar a verdade, ser solidário, humildes e amigo com todos. Deve-se ter o cuidado no que se transmite e no que se faz em relação ao próximo. A partir destes questionamentos surge uma reflexão entre liberdade e responsabilidade. Dentro de nós existe algo interior que nos encaminha para a virtude. Mas o que é a virtude? É uma qualidade que constitui o valor moral do homem, isto é aquele que procura sempre fazer o que é certo e assim praticar o bem. E essa pratica constante do bem corresponde ao uso da liberdade com responsabilidade. Fátima Sousa

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  4. Nós educadores somos sinônimos de imagem e influência a ser seguido pelos educandos, e de tal modo nós temos que saber a todo momento como lhe dá com os educando e com aqueles ao qual mantemos contato, somos exemplos a ser seguidos, e de certa forma muitas pessoas vão agir de acordo com a personalidade do educador, comumente os educando procuram tomar como exemplo de vida os formadores, os seus superiores e até mesmo os mais velhos que carregam em sim um grande experiência de vida, mas levam em conta a sua história e tudo aquilo que se faz. Temos que saber manter contato com o próximo na intenção de um desenvolvimento pessoal e frutífero, com contribuição na formação humana e profissional do ser humano, mas porém nos deparamos com enormes dificuldades existentes em nossa sociedade, essas que nos distanciam muitas vezes de uma educação e formação direta ao educando, como as novas tecnologias que afastam de diversos modos o indivíduo a um contato direto com o próximo, isso ocorre constantemente quando o uso dessas tecnologias são incorretos usados para satisfazer o prazer próprio, esses são alguns dos problemas vividos que dificultam muitas vezes o contato formal e educativo para com o educando, e com outros. Então temos nós que manter uma relação pedagógica e formadora para que tenhamos bons resultados e bons comportamentos do indivíduo, sendo resultado de uma boa formação tanto familiar como institucional. Aluno: Francisco Ernandes Marques de Oliveira Filho

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