quinta-feira, 4 de junho de 2009

Os valores da inteligência


Pessoas maduras com opiniões pueris. Amplo conhecimento unido a uma evidente consciência ingênua. Alta formação acadêmica em contraste com uma escassa capacidade de penetração intelectual da realidade. É da experiência comum que não são poucas as pessoas com esse perfil. Cabe se perguntar: o que ficou ausente no desenvolvimento de suas faculdades? Qual é o elemento que no progresso da inteligência, no caminho individual de formação intelectual, pôde dar lugar ao paradoxal resultado de que este processo venha a se concluir num aparente sucesso (a obtenção de diplomas, títulos e certificados que dão respaldo legal e social às competências adquiridas) simultâneo a um essencial fracasso – o da criticidade rasteira, manifesta em opiniões superficiais, apressadas, e ainda assim arrogantes, repletas de certeza? Colocando-o em termos mais concretos: por que há tantas pessoas formadas – em todos os ramos do saber – que não pensam bem?
A intuição que deu lugar a este trabalho é a de que o “elemento ausente” deve ser procurado em um a priori de natureza axiológica: faltou o cultivo de valores cuja eficácia é anterior – e é condicionante – do esforço intelectual em si, em quaisquer de suas modalidades: de aprendizado, de pesquisa, de criação ou de disseminação do conhecimento.
A axiologia é a ciência dos valores, e os valores, em sua natureza de objetos de escolha moral, nos situam claramente no campo da ética. Esta disciplina filosófica, em sua parte denominada “especial”, tem explicitamente como um de seus objetivos o de tematizar os chamado “deveres para com a alma”, aqui entendida como intelecto. O dever de instruir-se é, claro, um de seus postulados, amparado na definição tradicional de homem como ser racional, chamado a desenvolver-se em sua plenitude. Na sua condição de ciência prática, a ética vê-se na necessidade de recorrer à análise das atividades humanas a fim de dar o conteúdo mais concreto possível a esses “dever de” com que expressa sua intenção normativa. A atividade humana de que versa este estudo é, precisamente, como se disse, a intelectual, ou cognoscente – ou, de forma mais simples, a do conhecimento. Assim, aquela intuição poderia ser melhor formulada como a da necessidade de dominar e cultivar uma “axiologia do conhecimento”, um conjunto de valores capazes de orientar a atividade intelectual prática, em face de sua própria eficácia.

4 comentários:

  1. Estamos passando por uma crise. A crise do não querer pensar, do não querer refletir. Do não ter expectativas. Do querer apenas algo imediato. E neste momento em que reina o imediatismo, é o mais fácil, o mais rápido, o que não precisa pensar tanto é o que se busca. E com isso, adquirimos um conhecimento fragmentado e não crítico. O que lamentamos é que esta falta de criticidade se encontra em diversos profissionais que busca acima de tudo um conhecimento restrito à sua área de saber e se esquecem de cultivar os valores mais intrínsecos do homem: a moral, a ética, a solidariedade, a justiça. Princípio básico que podem ser um grande instrumento para nos ajudar a desenvolver nossos trabalhos com mais segurança. Com mais eficácia. É verdade que nascemos no mundo carregado de valores, estes são herdados pela tradição, mas que a partir da adolescência já podemos desenvolver um pensamento crítico e até mesmo questionar os valores recebidos. Porém, o que se percebe é que estes valores estão ficando de lado, a reflexão sobre os valores estão se perdendo, acredito que pelo fato de que o indivíduo não possui uma educação como diz Platão: “uma educação integral”, de corpo e alma. É uma educação incompleta causada pela perda de valores.
    Francisca Vituriano.

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  2. OS VALORES DA INTELIGÊNCIA
    O valor é sem dúvida um fruto da experiência fundamentalmente humana, que o ser humano utiliza para dar sentido a algumas escolhas da vida, dessa forma, os valores são os resultados das relações que se estabelecem entre o homem e o mundo em que se vive. Assim, os valores se apresentam como ponto fundamental para que a sociedade se humanize na defesa de uma melhor qualidade de vida, mas, para que os valores se tornem uma realidade efetiva e com significação, se faz necessário que estejam em harmonia com o pensamento e a reflexão, no entanto, nos dias hodiernos estamos passando por uma reviravolta dos valores, na qual o homem voltado para situações imediatista acabam desenvolvendo a prática do não pensar e refletir diante das situações diversas do dia a dia. Desse modo, acabamos tendo pessoas sem perspectivas, pois o mais acessível é a realidade que não é fruto do pensamento crítico, pelo interesse ser direcionado a questões imediatas e de fácil resolução. Porém, com essa forma de pensar a realidade, se forma um conhecimento fragmentado, por atender apenas situações momentâneas e por não apresentar um sentido de criticidade, voltada para a reflexão e análise continua do mundo. Essa fragmentação dos valores humanos acaba acarretando uma série de problemas sociais, pois o homem se volta apenas para um determinado conhecimento, específico para uma dada situação, e deixa de lado os valores mais intrínsecos ao ser humano, os de caráter ético e moral, que os preparam para enfrentar de maneira coerente qualquer situação. Contudo, percebemos que hoje a questão dos valores não está sendo desenvolvido da forma como deveria ser, a cada dia esses estão perdendo espaço dentro da sociedade e outros elementos com caráter totalmente diferente estão sendo introduzidos, contribuindo para a formação de pessoas egoístas, imediatista e desumana.
    Fabiana Borges Martins.

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  3. Não existe estimulo suficiente para despertar a estima da maioria das pessoas pelo conhecimento intelectual e cognitivo. O conhecimento imediato dos sentidos e o conhecimento técnico de como manipular uma ferramenta qualquer parece, para muitas pessoas, o suficiente para lhes garantir a sobrevivência, a realização pessoal e o bem comum da sociedade onde vivem. Daí se faz necessário que as instituições de ensino mostrem sempre as razões pelas quais o conhecimento intelectual e cognitivo é tão importante quanto o conhecimento imediato e técnico. As instituições formais ou informais de ensino de nosso país parecem que há tempo não se preocupam em estimular as crianças e adolescentes para também se “armarem” desse conhecimento mais apurado. Sem estimulo a criança e o adolescente cresce sem despertar a estima pelo valor do conhecimento cognitivo e depois de jovem ou adulta a pessoa já não mais “precisa” desse tipo de conhecimento para bem viver. Estamos, assim, diante de um problema generalizado que atinge todas as classes e seguimentos sociais inclusive os centros de ensino superior. (Djalma da Silva Moura)

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  4. Os valores são fundamentos éticos e morais importantes na vida do homem. Tais como perdão, honestidade, amor, justiça, respeito entre outros. Um dos valores mais importante é o seguinte ‘Ame o teu próximo como a ti mesmo.’ — Marcos 12:31. São valores iguais a esses que torna o ser humano melhor. Já sabemos que existem vários tipos de valores e assim podemos afirmar que os valores humanos são valores morais que afetam a conduta das pessoas. Esses valores morais podem também ser considerados valores sociais e éticos, e constituem um conjunto de regras estabelecidas para uma convivência saudável dentro de uma sociedade. O mundo a nossa volta só tem significado à medida que fazemos julgamentos e somos capazes de classificar, comparar e valorar tanto as coisas como pessoas. Nada que nos cerca pode ser indiferente. Nossa vida é orientada pelos valores que norteiam nossas escolhas e nossas ações. Eis a importante questão de despertar o senso critico e auto reflexivo das pessoas não esperar o tudo pronto e imediato diante da realidade que encontramos a nossa volta. Fátima Sousa

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