sexta-feira, 5 de junho de 2009

Intencionalidade para a práxis


Em todo ato de conhecer deve haver uma intencionalidade para a práxis. Devemos cuidar de que haja sempre uma “articulação entre conhecimento e prática, entre saber e ação, de modo que ambos se alimentem mutuamente. (Devemos criar) a atitude mental de sempre pensar o conhecimento em sua prolongação prática, e a prática em seu caráter cognitivo”. Ao enxergar a mútua repercussão entre o conhecimento e a prática, somos levados a reconhecer que todo trabalho é intelectual. No agir envolvemos e reformulamos nosso conhecimento; no conhecer inovamos criativamente nosso agir. Por isso, o verdadeiro e necessário aprendizado é o da aptidão criativa, imaginativa, transformadora da prática, e não o repetitivo, que vê e copia, reproduzindo o já feito.
Há pois uma espécie de perichorese entre Teoria e Práxis. No que se refere à Teoria, há em primeiro lugar este fato fundamental: que ela possui uma homologia estrutural ou um homomorfismo com a prática... A Práxis, por seu lado, compreendida no sentido largo de toda atividade humana transformadora do mundo, inclui sempre sua teoria, a saber, suas razões, suas motivações, suas finalidades, etc. ... É esta mútua imbricação de uma na outra que permite tanto a Teoria da Práxis quanto a Práxis da Teoria. *
Mais penetrante será nosso estudo quando nele repercutir e dele resultar a experiência prática. Mais rica será nossa ação quando dela e para ela derivarmos as lições do nosso pensar. Deixe-se que a prática nos questione; permita-se que a reflexão atualize nosso operar. Pensa melhor quem pensa em vista da ação. Age melhor quem age em prol da reflexão.


* Cl. Boff, Teologia e Prática. Teologia do político e suas mediações, Petrópolis, Vozes, 1978, pp. 361ss

2 comentários:

  1. Sabemos que a práxis ´e o conjunto de ações voltadas para o bem. Neste contexto é a nossa consciência crítica que nos leva à ação prática. No entanto, é preciso saber fazer o processo reflexivo da condição humana diante os fatos históricos. As ações práticas assim, de acordo com o nosso conhecimento nos leva a termos compromisso com a solidariedade na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, ou seja, no compromisso com Deus e o próximo.Saber unir a sabedoria histórica de muitos com a produção do conhecimento científico é sem dúvidas saber fazer discernimentos e tomar decisões maduras. Assim, a consciência crítica é um processo vivencial , fruto de contextos experimentados e estudados que se coloca sempre a serviço da práxis em benefício da outra pessoa. Maria Auxiliadora S. Beserra.

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  2. O TEMA PRÁXIS IMPÕE UMA INTERPELAÇÃO DE MESMA NATUREZA PRAGMÁTICA, OU SEJA, NOSSA RESPOSTA DEVE SER UMA AÇÃO. COM O AVANÇO E A PENETRAÇÃO DA FILOSOFIA DA LINGUAGEM A FILOSOFIA ÉTICA E POLÍTICA, CADA VEZ MAIS FILOSOFAR DENOTA UMA AÇÃO, MUITO DENTRO DO TEMA ÉTICA, PELA DIMENSÃO DA LIBERDADE, DA ESCOLHA. JOSE SARAMAGO TAMBÉM REFLETE EM DE SEUS VÁRIOS ENSAIOS O PROBLEMA DA AÇÃO CONECTADO AO PONTO AXIOLÓGICO. NO ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, SARAMAGO RETRATA PERFEITAMENTE O TIPO DE AUTONOMIA QUE A SOCIEDADE ESTÁ CONDICIONADA, O VIÉS DA AUTONOMIA FUNDAM LIMITE DA AÇÃO A RAZÃO, JÁ A LIBERDADE BEM NO SENTIDO AMPLO E INTENCIONAL HERDADO DA FENOMENOLOGIA ONTOLÓGICA DO CONTEMPORÂNEO SARTRE, EXPLICA ESSE FENÔMENO DA AÇÃO CUJO O AXIOMA SE FUNDA A PARTIR DA IDEIA DE TORNAR A VIDA HUMANA POSSÍVEL, E NÃO A PARTIR DE UMA HUMANIDADE COLERADA, A FEITA PELA HISTORIA. AQUI NESTE PENSAMENTO ETHOS É AÇÃO PORQUE É ACIMA DE TUDO O AXIOMA DO FAZER-SE, DO SER ACIMA DE TUDO. RENE F SOARES

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